ATA DA SEGUNDA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA LEGISLATURA, EM 10-3-2014.

 


Aos dez dias do mês de março do ano de dois mil e quatorze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quarenta e nove minutos, foi realizada a chamada, respondida pelos vereadores Alberto Kopittke, Alceu Brasinha, Any Ortiz, Bernardino Vendruscolo, Clàudio Janta, Delegado Cleiton, Dr. Thiago, Engº Comassetto, Guilherme Socias Villela, João Carlos Nedel, João Derly, Jussara Cony, Kevin Krieger, Lourdes Sprenger, Mario Fraga, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Paulinho Motorista, Professor Garcia, Reginaldo Pujol, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra e Waldir Canal. Constatada a existência de quórum, o Presidente declarou abertos os trabalhos e iniciada a ORDEM DO DIA. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Airto Ferronato, Elizandro Sabino, Fernanda Melchionna, Idenir Cecchim, Marcelo Sgarbossa, Márcio Bins Ely, Mario Manfro, Paulo Brum, Pedro Ruas, Séfora Mota e Valter Nagelstein. Após, foi aprovado Requerimento verbal formulado pela vereadora Jussara Cony, solicitando que, durante a apreciação do Projeto de Lei do Legislativo nº 002/13 (Processo nº 0019/13), os vereadores não utilizassem o período de discussão, mas apenas o de encaminhamento à votação. Em Discussão Geral e Votação, foi apreciado o Projeto de Lei do Legislativo nº 002/13 (Processo nº 0019/13), após ser encaminhado à votação pelos vereadores Jussara Cony, Any Ortiz, Engº Comassetto, Sofia Cavedon, Clàudio Janta e Fernanda Melchionna. Foi aprovada a Emenda nº 01 aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 002/13. Foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 002/13. Na ocasião, o Presidente registrou a presença, neste plenário, dos secretários adjuntos Waleska Vasconcellos, da Coordenação Municipal da Mulher, e Marcelo Chiodo, da Secretaria Municipal do Trabalho e Emprego, convidando Suas Senhorias a integrarem a Mesa dos trabalhos e concedendo a palavra a Waleska Vasconcellos, que se manifestou acerca do Projeto de Lei do Legislativo nº 002/13. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 009/14 (Processo nº 0214/14), por vinte e sete votos SIM, tendo votado os vereadores Airto Ferronato, Alberto Kopittke, Alceu Brasinha, Any Ortiz, Clàudio Janta, Delegado Cleiton, Dr. Thiago, Elizandro Sabino, Engº Comassetto, Fernanda Melchionna, Guilherme Socias Villela, Idenir Cecchim, João Carlos Nedel, João Derly, Jussara Cony, Kevin Krieger, Marcelo Sgarbossa, Mario Manfro, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Paulinho Motorista, Paulo Brum, Pedro Ruas, Professor Garcia, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra e Waldir Canal. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Resolução nº 001/14 (Processo nº 0213/14). A seguir, o vereador João Derly formulou Requerimento verbal solicitando alteração na ordem dos trabalhos, o qual, após ser encaminhado à votação pelos vereadores Professor Garcia e Clàudio Janta e pela vereadora Mônica Leal, foi retirado pelo autor. Em Votação, foi aprovado o Requerimento nº 020/14 (Processo nº 0526/14), após ser encaminhado à votação pelos vereadores Professor Garcia, Delegado Cleiton, Tarciso Flecha Negra, Nereu D'Avila, Paulinho Motorista, Idenir Cecchim, Alceu Brasinha e Engº Comassetto. Durante a apreciação do Requerimento nº 020/14, o vereador Professor Garcia afastou-se da presidência dos trabalhos, nos termos do artigo 22 do Regimento. Em Votação, foram aprovados os Requerimentos nos 022 e 009/14 (Processos nos 0538 e 0372/14, respectivamente). Durante a Sessão, os vereadores Clàudio Janta, Mônica Leal, João Derly e Engº Comassetto manifestaram-se acerca de assuntos diversos. Às dezesseis horas e vinte e dois minutos, o Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os vereadores para Sessão Extraordinária a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Professor Garcia, Delegado Cleiton e Guilherme Socias Villela e secretariados pelo vereador Guilherme Socias Villela, Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelo 1º Secretário e pelo Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia – às 14h49min): Havendo quórum, passamos à Ordem do Dia.

Em discussão o PLL nº 002/13. (Pausa.)

 

A SRA. JUSSARA CONY (Requerimento): Sr. Presidente, eu quero solicitar à Mesa e aos meus colegas, em função do muito trabalho que temos hoje, inclusive os vetos – e principalmente com a presença das monitoras – e por esse diálogo que a Casa está fazendo, que nós façamos apenas o encaminhamento do PLL nº 002/13. Como autora deste projeto, eu não vou discutir, apenas farei o encaminhamento. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Pois não, Vereadora. Em votação o Requerimento da Ver.ª Jussara Cony. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05 minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. Nº 0019/13 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 002/13, de autoria da Verª Jussara Cony, que institui a Política Municipal de Formação e Capacitação Continuada de Mulheres para o Mundo do Trabalho e dá outras providências.

 

Parecer:

- da CCJ. Relator Ver. Elizandro Sabino: pela existência de óbice de natureza jurídica para a tramitação do Projeto.

 

Parecer Conjunto:

- da CEFOR, CECE e CEDECONDH. Relatora-Geral Verª Sofia Cavedon: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 23-09-13.

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Em votação o PLL nº 002/13. (Pausa.) A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra para encaminhar a votação do PLL nº 002/13, como autora.

 

A SRA. JUSSARA CONY: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu gostaria que pudessem fazer parte da Mesa dois Secretários que tiveram um papel importante no processo de articulação desse projeto: a Secretária da Mulher, a querida companheira Waleska Vasconcellos, e o Secretário Adjunto do Trabalho, o Marcelo Chiodo. Essa solicitação é porque nesse projeto tem toda a participação das mulheres, da luta das mulheres. Gostaria de citar aqui a presença da União Brasileira de Mulheres, à qual pertenço. Também aqui presente o Grupo Viva Palavra, de poesias, coordenado pela Zaira Cantarelli, do qual também tenho o prazer de participar. Eu acho que no dia de hoje podemos oferecer este projeto às mulheres monitoras do Município de Porto Alegre, cuja categoria é eminentemente feminina. (Palmas.) Então eu acho que é muito importante que todos estejamos juntos na votação deste projeto. Quero agradecer às colegas Vereadoras e aos colegas Vereadores que deram uma importante contribuição para que nós pudéssemos hoje votar matéria de tal importância. Apesar dos avanços conquistados, nós, mulheres, vivemos um momento de grande desafio, não só para nós, mas para toda a humanidade. E um dos desafios é a gente poder construir espaços para a nossa emancipação. Mas que emancipação nós queremos? Econômica, política, social, cultural, familiar. E este projeto também tem o desafio de nos inserir, sem a precarização do trabalho, mas com um valor que nós mulheres temos no mundo do trabalho, num novo projeto de desenvolvimento econômico, social e humano, que queremos que avance ainda mais no nosso País, no nosso Estado, nos nossos Municípios. E só vai avançar quando as mulheres forem entendidas na sua participação na economia, na sua participação nos espaços de poder. Essas duas assertivas, somadas à desigualdade que ainda marca a nossa sociedade de classes, leva necessariamente a que a gente tenha que construir espaços de políticas públicas que promovam o nosso trabalho digno, a nossa participação, os nossos direitos, que são fatores de acúmulo para que nós possamos exercer, de fato, o nosso direito, a nossa capacidade, o nosso conhecimento – e as monitoras sabem do que eu estou falando – para a produção, para as políticas públicas. E isso principalmente para aquelas mulheres que se encontram em situação de vulnerabilidade, como as mulheres chefes de família, que já são mais de 50%, e as mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.

Sr. Presidente, eu continuo pedindo que sejam convidados a compor a Mesa os nossos dois Secretários.

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Convido a Waleska e Marcelo Chiodo, por gentileza. (Pausa.)

 

A SRA. JUSSARA CONY: Nós formulamos essa legislação municipal para a formação e capacitação das mulheres no mundo do trabalho. E eu quero dizer, companheiras e companheiros, que eu tenho certeza de que este projeto vai ser aprovado por unanimidade. Quero agradecer ao Movimento Unificado das Mulheres porque, no que tange à questão da violência doméstica e familiar, nós temos a Lei Maria da Penha; nos faltam muito ainda de espaços de políticas públicas, mas uma política decisiva é a política de nós estarmos capacitadas, de nós termos o nosso salário para não dependermos economicamente de ninguém. (Palmas.) É aí que nós vamos enfrentar a violência doméstica e familiar; a independência econômica da mulher é fator de construção – mesmo ela sozinha – de uma família com dignidade e com exemplo, para que as nossas filhas não se submetam lá adiante...

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Para concluir, Vereadora.

 

A SRA. JUSSARA CONY: E que os nossos filhos não sejam aqueles que cometam violência contra as mulheres.

Quero agradecer por este momento, sei que vamos aprovar por unanimidade, e fecho cumprimentando a todas as mulheres que estão aqui agilizando, porque este Veto é importante para a dignidade das monitoras e do serviço público...

 

(Manifestações nas galerias.)

 

A SRA. JUSSARA CONY: Mostrando o cartaz desta Câmara Municipal com esta gravura que mostra o significado da luta das mulheres (Mostra gravura.), uma gravura da Revolução Francesa, porque nas revoluções, para mudar efetivamente o sistema para termos dignidade, nós vamos levantar todas as bandeiras, e unidas, no sentido de garantir nossos direitos. Muito obrigada.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): A Ver.ª Any Ortiz está com a palavra para encaminhar a votação do PLL nº 002/13.

 

A SRA. ANY ORTIZ: Parabéns a todas vocês, mulheres de luta, que acompanham hoje, aqui, a votação deste projeto tão importante, numa segunda-feira, depois de termos um final de semana de comemorações referente ao Dia Internacional da Mulher. E que não seja um dia para ganharmos flores, mas que seja um dia de reflexão e fortalecimento das nossas lutas, pois as nossas lutas são as lutas de todas vocês.

Gostaria de fazer um registro especial para a proponente deste projeto de lei, a Ver.ª Jussara Cony, e dizer que este projeto é um avanço, pois aumenta a possibilidade do acesso das mulheres ao mercado de trabalho, através do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec. E quero destacar, especialmente, o art. 3º, que diz que as políticas municipais de formação e capacitação continuada de mulheres para o mundo de trabalho terá metas estabelecidas com os dados do IBGE, mulheres chefes de família ou vítimas de violência doméstica ou familiar. Por isso o projeto é extremamente meritório, porque o problema da violência contra a mulher não é isolado; envolve relações afetivas, econômicas e influencia, principalmente, os projetos de vida, no sentimento das mulheres, de vergonha e humilhação.

A gente quer, de alguma forma, reverter esse quadro e dar possibilidade de uma emancipação. A violência contra a mulher é praticada na maioria dos casos dentro do ambiente familiar, e essas mulheres agredidas acabam voltando para o agressor, voltando para casa, por não ter condições de acesso à saúde, à educação, ao trabalho e à habitação, principalmente por não ter como sustentar de uma forma digna a si e a seus filhos; muitas vezes não restam alternativas para essas mulheres, além de continuar dentro desse ambiente de humilhação.

E o que nós buscamos aqui na Câmara de Vereadores, aprovando esse importante projeto, é fazer com que essas mulheres – esse projeto abrange de uma forma geral, mas eu quero me ater a essas mulheres vítimas de violência – possam ter uma qualificação, buscar um espaço dentro do mercado de trabalho e assim, sim, poder ter uma emancipação e se desvincular absolutamente do seu agressor. E principalmente que ele gere também uma reflexão em toda a sociedade sobre o papel da mulher, sobre a mulher não ser vista mais como uma mercadoria, mas ocupar o seu espaço, porque somos a maioria tanto no Brasil como no mundo. Infelizmente, o que nós vemos, não são mulheres, na sua maioria, ocupando os espaços de poder, ocupando os cargos de chefia em empresas e ocupando os espaços que realmente são das mulheres. Aqui na Câmara de Vereadores nós somos oito entre 36 Vereadores, muito pouco para o que poderíamos ser: no mínimo a metade.

Eu quero que este seja mais um dia para reforçar a nossa luta, para que possamos viver em um mundo mais equilibrado onde as mulheres vão ter não só a mesma igualdade de espaço que os homens, mas, sim, vão ter o respeito que tanto merecem.

Muito obrigada, boa luta a todas! Parabéns pelo projeto, Ver.ª Jussara; com certeza, nós vamos aprová-lo por unanimidade.

Quero fazer uma referência: eu coloquei a minha camiseta pendurada aqui na tribuna (Mostra a camiseta.) porque eu, com muito orgulho, faço parte desse grupo de mulheres, mulheres guerreiras, e eu tenho muito orgulho de poder fazer parte desse grupo com vocês. (Palmas.)

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Engº Comassetto está com a palavra para encaminhar a votação do PLL nº 002/13.

 

O SR. ENGº COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Professor Garcia; nossos convidados e representantes na Mesa, senhoras e senhores trabalhadores na educação aqui presentes, este é o projeto que a Ver.ª Jussara Cony traz para o debate. Na verdade, Jussara, semana da mulher para nós são todas as semanas do ano, todos os dias do ano, porque a luta é permanente e constante, e nós temos que conquistar isso na sociedade. Fala-se em direito e igualdade, mas, na realidade, hoje as mulheres brasileiras ganham salários menores do que os homens, e entre as mulheres, as mulheres negras são as que têm o menor salário da escala salarial brasileira.

Então, quando a senhora propõe aqui que seja instituída a política municipal de formação e capacitação continuada de mulheres para o mundo do trabalho, significa que as oportunidades que existem concretamente na política, no desenvolvimento social, no desenvolvimento econômico, no avanço da sociedade, têm que ter também um avanço de reparação. E o seu projeto vem nesse sentido: que o Município assuma, dentro da sua programação, uma programação propositiva, onde concretamente todas aquelas mulheres que querem – e sabemos que todas querem – buscar qualificação nas suas vidas possam ter essa oportunidade dentro do mundo real. E aí olho para esta plenária e vejo que aqui estão as monitoras, os monitores educadores, e que 95% desses monitores são mulheres; portanto nada mais oportuno do que debatermos também o próximo projeto, que é o veto do Sr. Prefeito, que diz nada mais, nada menos que deve se garantir aos atuais detentores de cargo de monitor a isonomia de remuneração salarial quando cumprindo o requisito de formação do Ensino Médio, previsto na lei.

E a Ver.ª Jussara Cony propõe, nesse seu projeto, que as mulheres tenham programa de educação e qualificação profissional permanente, mas todas que estão aqui já têm essa qualificação profissional. Portanto, nós precisamos fazer com que a lei reconheça.

 

(Manifestações nas galerias.)

 

O SR. ENGº COMASSETTO: Então, obviamente é oportuno que esteja vindo neste momento o projeto da Ver.ª Jussara, para que nós possamos analisar também na vida real a discussão que aí está e incluirmos as desigualdades que ainda existem na legislação municipal.

Eu venho aqui em nome da minha Bancada do Partido dos Trabalhadores, em meu nome e dos Vereadores Alberto Kopittke, Marcelo Sgarbossa, Sofia Cavedon e Mauro Pinheiro, dizer que a bancada do Partido dos Trabalhadores, Ver.ª Jussara Cony, cem por cento votará no seu projeto, como também cem por cento votará pela derrubada do veto.

(Manifestações nas galerias.)

 

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para encaminhar a votação do PLL nº 002/13, pela oposição.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, autoridades aqui presentes, eu acho que hoje é um dia extraordinário e quero começar cumprimentando as mulheres da educação infantil, da assistência social e da saúde do Município. Por que é extraordinário, gurias? Porque o dia 8 de março não pode ser uma data – e tenho certeza que não é, para todos os Vereadores e Vereadoras desta Casa – em que apenas se entrega uma flor ou se manda uma mensagem para as mulheres, marcando um dia como qualquer outro ou um dia de festividades comerciais. E se tem coisa mais emblemática, Ver.ª Jussara, é nós estarmos votando, em função dessa data, a formação, a qualificação e a capacitação das mulheres para o mundo de trabalho e as monitoras das escolas infantis, que buscam constantemente essa qualificação – e o projeto do governo que veio para cá alterou a qualificação que elas têm que ter para atuar em educação infantil – estarem hoje aqui exatamente para verem reconhecidas essa qualificação, essa formação e essa importância estratégica para o mundo das crianças e dos adolescentes, mas para a vida das mulheres. Fundamentalmente, é isso. Não apenas estas mulheres, mas as mulheres mães aos milhares que têm na parceria, no cuidado, no atendimento de vocês uma amiga, uma assessoria, uma política pública essencial para a qualidade de vida, para a sua liberdade pessoal, para a sua realização porque tem a Escola Infantil para trazer os seus filhos e filhas. Então, é uma celebração, Vereadora, que junta, aproxima várias pontas: a ponta da educação, a ponta do cuidado, a ponta, Ver.ª Lourdes, da valorização da mulher, porque quando a gente fala da valorização da mulher a gente fala em creche, em Escola Infantil, a gente fala em acompanhamento, estrutura para os filhos, para que a mulher possa seguir sendo uma profissional, possa seguir tratando da sobrevivência material da sua família também no mundo do trabalho.

Nós, hoje, queremos que este dia seja de fato o grande dia das mulheres. A minha fala é em nome da oposição, em nome do PT, do PCdoB, PSOL. O Pedro Ruas queria falar nesse tempo; agradeço a deferência, Ver. Pedro Ruas. Eu pedi para falar porque além de ser uma Vereadora mulher, estou envolvida diretamente neste tema e bastante emocionada com a presença maravilhosa destas mulheres aqui, com o cuidado que elas tiveram, Professora Rejane, que assessora o Delegado Cleiton, em articular bem com a comunidade escolar, com a parceria dos professores, diretores e estagiários para não prejudicar o atendimento da Educação Infantil da qual são extremamente zelosas. E se estão aqui – o Presidente é professor e sabe disso – e não estão lá é porque o salário é baixo para sustentar uma família. Não é um salário que corresponde à complexidade do trabalho que realizam, à necessidade de estar todo tempo se superando de forma energética, corporal, porque desafiadas, com crianças pequenas, com bebês, com crianças com deficiências, com crianças irrequietas, com crianças doentes, com famílias problemáticas, com famílias violentas, com tantos problemas no dia a dia e vivem, Ver.ª Lourdes, Ver.ª Any, Ver.ª Jussara, Ver.ª Fernanda, o drama de ser dona de casa e ter que fazer hora extra na Escola Infantil para a escola não fechar; para a escola não mandar a criança para casa! Não mandar a criança para a casa, porque são crianças pequenas e porque os pais trabalham! Então, acima de qualquer divergência de oposição e situação, acima de qualquer divergência de partidos políticos, estão as mulheres, está a Educação, está a Educação Infantil! Um grande abraço e viva o Dia Internacional da Mulher!

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Clàudio Janta está com a palavra para encaminhar a votação do PLL nº 002/13.

 

O SR. CLÀUDIO JANTA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, mulheres trabalhadoras que lotam as galerias desta Casa, a Casa do Povo, nós achamos que este Projeto da Ver.ª Jussara Cony representa uma das maiores necessidades das mulheres, hoje, no mercado de trabalho. A qualificação profissional, a igualdade de direitos e, principalmente, de salário – é imprescindível que se igualem esses salários. Nós não podemos ter um critério para os homens e outro critério para as mulheres. Isso nós vemos na indústria, no comércio, em vários setores da produção. Até na construção civil, hoje em dia, vemos as pedreiras, as mestres de obra, as azulejistas, as carpinteiras ganhando menos que os homens da mesma profissão. Isso se vê em toda a cadeia produtiva. Cada vez mais, as mulheres, para alcançarem um cargo na sua carreira profissional, têm que matar um leão por dia.

Aqui, hoje, nas galerias, nós temos centenas de mulheres que, com certeza, trabalham bem mais que nós, homens; com certeza, exercem a sua profissão com esmero, com carinho e com afeto, às vezes, essas mulheres, que antes tinham os maridos que quase nada faziam, quando têm um parceiro que ajuda a lavar a louça, a cuidar das crianças... Mas grande parte, hoje, das mulheres – a gente sabe e as estatísticas provam isso – são chefes do lar. Chegam em casa e ainda têm que se preocupar com a educação dos seus filhos, com a sua casa, com o seu estudo, e dão prova que podem fazer isso.

Agora, entra esse projeto da Ver.ª Jussara Cony – logo mais, vamos apreciar um veto –, que fala bem dessa desigualdade, porque foi permitida a alteração do contrato da Guarda Municipal, mas não é permitida a alteração das mulheres monitoras.

 

(Manifestações nas galerias.)

 

O SR. CLÀUDIO JANTA: Isso é machismo! Estamos na semana, no mês das mulheres, e é inadmissível esta Casa não derrubar esse veto machista! Outras categorias do Município que exigem Ensino Médio também tiveram alteração de faixa. Eu dei o exemplo dos Guardas Municipais, e nada mais justo. Nós não queremos nivelar ninguém por baixo, quanto ao pior e ao melhor; nós queremos quanto mais, melhor! Nós queremos que as monitoras tenham a mesma equiparação que a Guarda Municipal teve, que os agentes de trânsito tiveram, que funcionários de outras autarquias do Município tiveram.

Isso é prestarmos uma grande homenagem às mulheres, porque, com certeza, essa função de monitoras é exercido por mulheres, que, na verdade, no mundo atual, no nosso dia a dia, são as segundas mães dessas crianças – muitas vezes, até as primeiras, porque ficam durante dez, doze horas em contato com o filho, de segunda a sábado. Então, por justiça social, por igualdade de direito nesse dia das mulheres que a gente vote o Projeto da Ver.ª Jussara Cony e derrube esse Veto. Com força e fé nós vamos melhorar a vida dos trabalhadores.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra para encaminhar a votação do PLL nº 002/13.

 

A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Obrigada, Presidente, eu queria cumprimentar a todas as valorosas, guerreiras, aguerridas mulheres, monitoras, trabalhadoras em educação que estão aqui presentes na tarde de hoje, e dizer o quão emblemático são esses dois projetos que nós discutiremos. Falo aqui em meu nome e em nome do Ver. Pedro Ruas, que me cedeu o tempo do PSOL para que nós trouxéssemos a nossa posição em relação ao Projeto da Ver.ª Jussara Cony – é emblemático em relação à qualificação e à luta por igualdade salarial. Vocês sabem; todas nós sabemos que não existe igualdade de gênero no Brasil, que não existe igualdade salarial, não só em função dos mesmos trabalhos serem menos remunerados entre mulheres e homens, mas, sobretudo, por uma lógica de aproveitar as diferenças para justificar a super exploração da classe trabalhadora e, nesse caso, a super exploração da classe trabalhadora feminina, que mesmo estudando, com a mesma qualificação de um homem, ganha em média 30% a menos que o salário do homem branco. E quando a gente pega uma mulher negra, vemos que ela chega a ganhar 60% a menos de salário em comparação com o homem branco. O que não é isso senão machismo, senão racismo, senão uma sociedade calcada em preconceito para super explorar a classe, as mulheres, os negros, as indígenas, a classe trabalhadora em conjunto. Então, esse projeto é muito emblemático porque nós queremos qualificação, mas nós queremos o reconhecimento dessa qualificação porque, por exemplo, as monitoras, a maioria tem curso superior, tem pós-graduação, está sempre se formando, e a Secretária diz que não pode ter alteração do padrão. As monitoras que vivem seis horas construindo a política educacional nas EMEIs, que convivem e garantem o respeito, o cuidado das nossas crianças, vivem cotidianamente os problemas da sobrecarga de trabalho; todas nós, mulheres trabalhadoras, porque as jornadas domésticas, lamentavelmente, ainda são tidas como femininas; ou não são? É uma luta nossa, cultural e política permanente para que o trabalho doméstico não seja encarado como um trabalho feminino. Nós, mulheres, que sofremos com a violência – e são vários tipos de violência. Mas quem de nós não conhece uma vizinha, uma prima, uma amiga que foi agredida pelo marido, pelo ex-marido, pelo companheiro, pelo ex-companheiro, que foi violentada dentro da sua própria casa, violada, agredida, ou pior, assediada na rua, assediada no local de trabalho, numa sociedade que diz que não existe machismo, mas adoram vender propaganda de cerveja com o objeto da mulher, tentando transformar a mulher como uma mercadoria.

Então, nós, neste 08 de março que passou, nós vemos por um lado essas consequências de uma sociedade ainda extremamente desigual, e, por outro, que as nossas conquistas – mulheres guerreiras, aguerridas, valorosas – foram fruto da nossa luta, qualquer ela que seja: o direito ao voto, o direito ao divórcio, à pílula anticoncepcional, o direito à sindicalização, as mulheres tiveram que lutar para poder se organizar em sindicato. E hoje nós temos esses direitos. Mas, certamente, no 08 de março, nós temos que reconhecer as valorosas que vieram antes de nós, e avançaram em direitos, e, sobretudo, aprofundar direitos. Aprofundar direitos combatendo a violência contra a mulher; aprofundar direitos combatendo a desigualdade salarial; aprofundar direitos combatendo o assédio sexual. Mas, sobretudo, avançar em direitos no Município.

É inaceitável que o presente do Governo Fortunati às nossas monitoras no dia 08 de março seja um veto, que obriga, no dia 10, a ter uma paralisação das trabalhadoras para garantir direitos. É inaceitável que no mês das mulheres se arrocha o salário das mulheres trabalhadoras, professoras, educadoras, monitoras das escolas de Educação Infantil. É inaceitável que a gente veja a reprodução da desigualdade de gênero aqui, agora, na tarde de hoje, na Câmara de Vereadores.

Mas eu espero que todos os Vereadores – e falo por mim e pelo Ver. Pedro Ruas – votem para derrubar o veto. Eu espero que todos os Vereadores e Vereadoras desta Casa sejam coerentes e homenageiem as mulheres, garantindo aquilo que é fruto da conquista das mulheres monitoras, que é o padrão 7. Parabéns e boa luta!

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. CLÀUDIO JANTA: Sr. Presidente, na emoção de ir à tribuna defender os trabalhadores, eu esqueci de falar que estava falando também em nome do PROS, do Ver. Bernardino Vendruscolo, e do PSD, do Ver. Tarciso Flecha Negra.

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Feito o registro.

Em votação a Emenda nº 01 ao PLL nº 002/13. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADA.

Em votação o PLL nº 002/13. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO.

Parabéns à Ver.ª Jussara Cony e a todas as mulheres. Passo, rapidamente, a palavra a nossa Secretária Adjunta dos Direitos Humanos, Waleska Vasconcellos.

 

A SRA. WALESKA VASCONCELLOS: Boa-tarde a todas, para nós, da Prefeitura de Porto Alegre, é uma felicidade a aprovação desse projeto. Esse projeto foi amplamente discutido entre nós, Secretaria Municipal dos Direitos Humanos da Mulher e a Secretaria do Trabalho, pois está aqui também o Secretário Adjunto. A Ver.ª Jussara Cony e a sua assessoria nos procuraram e a gente achou bastante interessante a aprovação.

Afinal de contas, são momentos como este que mostram que a sociedade porto-alegrense está disposta a construir ações e políticas públicas que visem ao empoderamento das mulheres. Entre as décadas de 1930 e 1940, Simone de Beauvoir – grande feminista – já dizia que era através do trabalho que a mulher adquirira sua independência; só através do trabalho. E é o que nós estamos fazendo hoje.

Muito obrigada a todos os Vereadores. Que bom que a gente consegue, nesses momentos, ter a maioria, todos unidos por uma causa só, porque é assim que se luta mesmo. Muito obrigada. (Palmas.)

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. Nº 0214/14 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 009/14, de autoria da Verª Sofia Cavedon, que concede o título de Cidadão de Porto Alegre ao senhor Sebastião Ribeiro Salgado Júnior.

 

Parecer Conjunto:

- da CCJ e CECE. Relator-Geral Ver. Márcio Bins Ely: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável de dois terços dos membros da CMPA - art. 82, § 2º, V, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA;

- incluído na Ordem do Dia em 10-03-14.

                                             

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Em discussão o PLL nº 009/14. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação nominal o PLL nº 009/14 (Pausa.) (Após a apuração nominal.) APROVADO por 27 votos SIM.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. Nº 0213/14 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 001/14, de autoria da Verª Sofia Cavedon, que concede o Diploma Honra ao Mérito à senhora Lélia Deluiz Wanick Salgado.

Parecer Conjunto:

- da CCJ e CECE. Relator-Geral Ver. Marcelo Sgarbossa: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 10-03-14.

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Em discussão o PR nº 001/14. (Pausa.) Não há quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. JOÃO DERLY (Requerimento): Gostaria de solicitar, se for possível, o adiamento, para quarta-feira, da votação dos Requerimentos – são quatro, se não me engano –, em virtude da grande mobilização das Monitoras que estão aqui, para que possamos passar o quanto antes à apreciação dos Vetos.

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): V. Exa. está solicitando a transferência da votação dos Requerimentos?

 

O SR. JOÃO DERLY: Isso mesmo.

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Em votação o Requerimento de autoria do Ver. João Derly.(Pausa.)

 

(O Ver. Delegado Cleiton assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Delegado Cleiton): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. João Derly.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, público que nos assiste, não costumo fazer o que vou fazer agora. Esta Casa, através das suas Lideranças, combinou que, na tarde de hoje, inclusive por uma solicitação da Ver.ª Jussara Cony, antes, haveria as votações... O que me causa surpresa é que, agora, um Vereador da própria Bancada do PCdoB venha solicitar, não sei se pela pressão da totalidade das pessoas que estão aqui... E as senhoras e senhores que estão aqui sabem que nós combinamos que, hoje, dia 10, ia ser votado o veto, e vai ser votado o veto, só que nós temos um rito, e o que me surpreende é que, de uma hora para outra, queiramos alterar esse rito, que foi combinado. Lastimo, pois V. Exa. não estava presente, mas a Ver.ª Jussara Cony, representando o seu partido, deu a concordância. Só isso. Esta Casa é soberana, se quiser. Não tem requerimento? Não tem requerimento! Não tem problema! A Ver.ª Sofia Cavedon também solicitou. E nós inclusive temos feito o quê? Normalmente é um projeto por Vereador, mas, como é um casal, resolvemos votar o dois. Então eu não vejo por que alterarmos agora. Mas respeito toda a posição. A Casa é livre! É livre para votar! Eu só tinha que fazer este registro. Desculpe, de forma fraterna, Vereador, mas acho importante, porque senão nós vamos viver, daqui um pouquinho, um processo autofágico, que eu, particularmente, não gostaria. Só fiz este encaminhamento.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Professor Garcia reassume a presidência dos trabalhos.)

 

A SRA. MÔNICA LEAL: Presidente, eu concordo com a sua manifestação e que os requerimentos sejam votados. Eu tenho um requerimento referente ao Exército que é extremamente importante.

 

A SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Clàudio Janta está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. João Derly.

 

O SR. CLÀUDIO JANTA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, população de Porto Alegre que nos assiste em suas casas pela TVCâmara, monitoras e dirigentes sindicais, trabalhadores que estão aqui; nós temos que começar a valorizar a nossa palavra e, principalmente, os acordos que são feitos. Nós ficamos, a semana passada, aqui em reunião, a manhã inteira, determinando o que seria votado no dia de hoje, e eu acho que nós temos que cumprir o que foi determinado. Eu acho que a palavra começa neste parlamento, o cumprimento de acordos começa neste parlamento, o cumprimento de compromissos começa neste parlamento. Todos os líderes estavam presentes, dos que não estavam, na sua maioria absoluta, deram atestado. E todos os líderes desta Casa, em reunião, na semana passada, decidiram que seria votado, avisamos as monitoras que seria no dia de hoje a votação desse Veto, como avisamos sobre os outros Vetos. Nós não podemos, novamente, por pressão do Governo, que faz as coisas erradas, por pressão do Governo, que chegou aqui no final do ano e deu acordo para nós votarmos esse projeto do jeito que estava, foi ligado para a Secretária da Educação e ela deu acordo... Eu não vou aceitar funcionário da Prefeitura aqui dentro cagando ordem para Vereador, entendeu?!

 

(Manifestações nas galerias.)

 

O SR. CLÀUDIO JANTA: Apontando e dizendo o quê o Vereador tem que falar aqui dentro. Não vou aceitar mais isso aqui dentro desta Casa. Esta Casa tem independência! Nós estamos aqui e somos independentes... para ficar o Executivo aqui dizendo o que nós temos que fazer ou não temos que fazer! Nós fizemos um acordo de líderes, e estavam presentes os três líderes do Governo! Os três líderes do Governo estavam presentes. Os líderes da bancada de oposição estavam presentes! Os líderes dos partidos estavam presentes! E todos acordaram em votar hoje este Veto das monitoras. Todos acordaram em votar hoje essas questões. Então não venha o Governo para cá agora tentar adiar a votação para não sei quando. Nós queremos votar agora. Esta Casa teve uma semana para estudar e se informar do Veto, então temos condições de votar hoje este Veto.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): A Ver.ª Mônica Leal está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria do Ver. João Derly.

 

A SRA. MÔNICA LEAL: Ver. Garcia, Presidente desta Casa, da qual eu tenho muita honra de fazer parte, se não me falha a memória, há 16 anos. Eu quero usar a tribuna hoje para dizer que eu tenho muita dificuldade com dois tipos de fala. Nós tivemos uma Reunião de Líderes em que combinamos o que seria votado hoje. Não estou falando da votação deste projeto, que tem mérito, pois vocês têm as suas razões, mas em que pese, há vício de origem e ilegalidades, não estou discutindo isso, mas nós não podemos deixar de votar hoje os requerimentos que foram acordados, sob pena de colocarmos no lixo o que é tratado nas reuniões de líderes.

 

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. JOÃO DERLY: Sr. Presidente, longe de mim não cumprir o que foi acordado na reunião de líderes, mas a conjuntura foi outra. Hoje nós tivemos uma reunião extraordinária da CECE, debatendo o assunto e tínhamos firmado o compromisso de votarmos o Veto. Hoje nós temos uma audiência pública, às 19h, e fica prejudicado, fico com medo de não conseguirmos dar conta e votar esse Veto, e, ao chegar a noite, ficarmos fora da audiência.

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Vereador, desculpe, esse é o seu entendimento, mas o Veto vai ser votado hoje. Disso não tem nenhuma dúvida. O Veto vai ser votado hoje. E o que V. Exa. solicitou é o Requerimento. Nós já estamos aqui há 10 minutos, já podíamos até ter resolvido.

 

O SR. JOÃO DERLY: Se formos votar hoje, então retiro o meu pedido.

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Vereador, eu volto a dizer aqui, não tem nenhuma dúvida do que estará sendo votado hoje. Inclusive, esse próprio plenário ficou sabendo, na quarta-feira passada, que estaríamos aqui hoje.

 

O SR. JOÃO DERLY: Então eu retiro o meu Requerimento.

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado. Agradeço o seu bom-senso, Vereador. (Palmas.)

 

O SR. ENGº COMASSETTO: Sr. Presidente, nesse mesmo sentido a nossa Bancada tinha sugerido um Requerimento. Nós o retiramos para ganhar tempo dentro desse processo.

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Vereador. Solicito que o Ver. Delegado Cleiton assuma presidência dos trabalhos.

 

(O Ver. Delegado Cleiton reassume a presidência dos trabalhos.)

 

REQUERIMENTO - VOTAÇÃO

 

(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

REQ. Nº 020/14 – (Proc. nº 0526/14 – Ver. Professor Garcia) – requer Moção de Solidariedade com o Sindicato dos Árbitros de Futebol do Rio Grande do Sul (SAFERGS) e com o árbitro de futebol Márcio Chagas da Silva, vítima de racismo no jogo entre Esportivo e Veranópolis.

 

O SR. PRESIDENTE (Delegado Cleiton): Em votação o Requerimento nº 020/14. (Pausa.) O Ver. Professor Garcia está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 020/14.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Ver. Delegado Cleiton, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, público que nos assiste, este tema que eu vou abordar é o tema latente hoje na nossa Cidade, no nosso Estado e no nosso País. E eu tenho por norma não fazer Moção de Repúdio, eu prefiro sempre exaltar o positivo. É por isso que a minha Moção é uma Moção de Solidariedade ao árbitro Márcio Chagas da Silva, ao Sindicato dos Árbitros e à SAPERGS. Entendo que a questão, cada vez mais próxima, é, há questão de um mês, o povo brasileiro ficou indignado com o que aconteceu, no México, com o jogador Tinga, e nós dizíamos que era no México; mas na semana passada aconteceu aqui no Rio Grande do Sul. Inclusive, na quinta-feira passada, não sei se todos tiveram acesso, mas esse tema foi capa do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, inclusive citando os gaúchos como racistas.

Então isso é muito mais sério do que se pensa, e esses movimentos, em que alguns não acreditam, são latentes em nossa história. Nesses momentos, os Parlamentos, as pessoas têm que dizer: “Basta, não queremos mais isso!” Fiquei muito gratificado, pois, ontem, nos jogos de futebol, isso foi dito em todos os jogos.

Eu conheci o Márcio com três ou quatro anos de idade; depois, na época em que eu era diretor do CETE, o Márcio começou a fazer ginástica lá – isso ele com sete ou oito anos; depois ele jogou basquete; e hoje é meu colega, profissional de Educação Física. Não vou me alongar muito, até em função do que temos que votar hoje, mas entendo que esta Câmara não podia ficar indiferente; esta Câmara tem a obrigação, no meu entendimento, de aprovar, por unanimidade, esta Moção de Solidariedade em apoio ao Márcio e dizendo: “Fim a esses movimentos racistas”, porque não se permite isso, e estamos no século XXI, em pleno 2014. Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Guilherme Socias Villela assume a presidência.)

 

O SR. PRESIDENTE (Guilherme Socias Villela): O Ver. Delegado Cleiton está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 020/14.

 

O SR. DELEGADO CLEITON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, colegas funcionários desta Casa, pessoal que nos prestigia, especialmente as monitoras – um abraço a todas as mulheres guerreiras deste mundão afora. Venho aqui prestar um apoio a esta Moção de Solidariedade ao árbitro Márcio Chagas da Silva. Eu já havia falado quinta-feira do respeito e da dimensão dos atos que estamos presenciando em 2014, atos de racismo, infelizmente em estádios de futebol, onde quem reina é o negro. Na fala que fiz quinta-feira, eu pedi uma maior atenção dos órgãos públicos. Eu acho que os prefeitos dos Municípios da Serra gaúcha têm que estar atentos sobre a sua comunidade – e não são todos, não costumo generalizar, mas alguns pensam e repassam no seu meio. Eu acho que a Polícia Civil tem que estar mais atenta. E fiquei muito feliz quando a delegada da 1ª Delegacia de Caxias fez seu pronunciamento dizendo que está sendo averiguado. E também muito feliz quando cobrei aqui do Ministério Público e o Procurador Adjunto foi aos espaços televisivos e falou que está sendo apurado, que o Ministério Público terá uma competência e uma participação muito especial nesse tipo de ação.

E hoje estamos aqui comemorando o Dia Internacional da Mulher, dia oito passado, e não podemos, senhores, deixar regredirem as conquistas. Não podemos, senhores, tapar os olhos para as atitudes discriminatórias das minorias, para as atitudes preconceituosas do passado, e que hoje venham firmar aqui esse tipo de ação, esse tipo de preconceito. Então, por isso, solicito a todos os Vereadores que votem a favor desta Moção e que, posteriormente, votem a favor da Moção de Repúdio de um colega de Partido, Ver. Nereu D’Avila. Basta a esse tipo de covardia, basta tapar o sol com a peneira a esse tipo de covardia. Temos que atacar esses covardes preconceituosos! Infelizmente, hoje, tivemos que votar um projeto da Verª Jussara Cony, que já era para estar encaminhado e ter dado um basta nisso. Então, senhores, votemos pela aprovação desta Moção para que possamos, mesmo que num ato pequeno, combater esse tipo de preconceito, combater esses covardes. Obrigado, senhores.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Delegado Cleiton reassume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Delegado Cleiton): O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 020/14.

 

O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Boa-tarde, Presidente; Vereadores e Vereadoras; todos os que nos assistem, mais uma vez, subo à tribuna para falar sobre o racismo. Eu tenho muito medo, gente. Esse caminho que estamos começando a entrar é muito perigoso. Eu tenho medo. Eu sou um cara pacífico, calmo, mas aconteceu comigo numa loja em Porto Alegre – depois, eu pedi desculpas à guria. O que está gerando em nós, da raça negra, é um medo, uma angústia, uma desconfiança muito grande, e nós estamos explodindo como estopim. Eu explodi com a guria, quando ela começou a andar atrás de mim dentro da loja, eu parei e perguntei para ela: “O que tu queres comigo?” E ela: “Eu só estou andando contigo para ver se tu queres alguma coisa, se tu queres perguntar alguma coisa”. A guria estava sendo delicada. Mas isso tudo que está acontecendo está entrando lá dentro como algo ruim. Por qualquer mesa que eu passe, qualquer recinto, bares, clubes que eu vá, olho desconfiado para as pessoas. Qualquer fala daquelas pessoas na mesa, qualquer sorriso, isso me deixa desconfiado: será que estão rindo de mim? Será que ali não está alguém me recriminando? Então, este é o medo.

Agora, apareceram o Arouca, o Tinga, a manicure do Rio, o Márcio Chagas. E, se formos olhar dentro de Porto Alegre, nós temos, todos os dias, problemas de racismo, só que eles não aparecem na mídia. O que aparece na mídia é o Tinga, é o nosso juiz, porque existe uma televisão mostrando, existem milhões de pessoas vendo, o mundo está vendo!

Eu só vejo um caminho, gente, estão aqui as monitoras pedindo para votarmos o seu projeto. Eu, mais do que nunca, vou votar e votarei, sempre, pela Educação, pelas crianças, porque só há uma maneira de nós consertarmos: é lá embaixo, na Educação, mostrando que todos somos iguais e não só perante Deus, somos semelhantes, somos iguais! Esta é a criação de Deus! Nós somos iguais, gente! E só lá embaixo, vocês, monitoras, com as crianças, mostrando que somos todos iguais. Aí, sim, nós não vamos mais ter isto nos campos de futebol, nos clubes e nas ruas de Porto Alegre: os negros sendo recriminados, o preconceito racial muito forte.

Vem a Copa do Mundo aí, e eu li, num jornal, há pouco, que está quase tudo pronto, só faltando uma coisa, que é muito grande: enterrarmos o racismo. A África vai estar aqui, no Brasil; os nossos irmãos de cor vão estar aqui, e nós temos que recebê-los bem. Não existe o índio, o branco, o negro; somos iguais. Se não vamos conseguir viver bem com as diferenças das nossas cores, então o que estamos fazendo aqui, neste planeta? Obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Delegado Cleiton): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 020/14.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, o dia 5 de março, quarta-feira passada, vai ficar na história do Rio Grande e do Brasil, porque a discriminação racial é o contrário do que se tenta impingir – que o brasileiro é bonzinho e que, como tem tolerância, não tem discriminação. Mentira! Há discriminação, e muita! Só que ela fica embaixo do tapete, e, quando não há uma grita generalizada, fica o protesto – as pessoas são contra, e tal –, como disseram aqui os Vereadores, anteriores a mim, de diversos níveis.

Um cidadão negro esteve preso durante 20 dias sem ter crime. A sorte dele é que andou fazendo alguma coisa para a Rede Globo e, por isso, sofreu influência e foi solto; caso contrário, estaria preso até hoje, sem ter crime nenhum! Então, o dia 5 de março fica na história, porque o juiz Márcio Chagas da Silva resolveu botar a boca no trombone, resolveu que tinha que ter um basta para a discriminação racial odiosa e que envergonha o século XXI que estamos vivendo, envergonha a todos que defendem os direitos humanos, envergonha a todos que têm um pouco de sentimento no coração. Em relação ao jogo não houve nada, era um jogo entre Esportivo e Veranópolis, na cidade de Bento Gonçalves, e não houve problema algum, inclusive o Esportivo ganhou. E no local onde estava o automóvel do juiz Márcio, que é privativo do Clube Esportivo, chutaram o carro do juiz e colocaram bananas em cima. Então, o clube tem que ser penalizado! O clube tem que ser penalizado, porque é só o clube que sabe quem são. Cidade pequena, eu sou do Interior e sei que na Cidade pequena todo mundo sabe da vida de todo mundo. O Esportivo sabe, sim, quem foram os depredadores do carro do juiz e quem fez a discriminação insuportável.

A Câmara de Porto Alegre não podia ficar omissa a tamanha discriminação. Não foi só em relação ao juiz, o Ver. Tarciso e o Ver. Garcia também citaram outros, como o Arouca, do Santos. Isso tem que acabar! Claro que é um processo, até 1927, o próprio Sport Club Internacional, que é considerado, até jocosamente, – mas também tem que acabar com isso –, um “clube de macacos”, porque é cheio de negros e não permitia jogadores negros. O Grêmio, até 1953, não permitia que jogadores negros jogassem. Foi graças à compra do Tesourinha – que foi um dos maiores ídolos deste Estado –, pelo Grêmio, que acabaram com essa história.

Então, é um processo, e dentro desse processo nós não podemos ficar omissos. O Ver. Garcia fez esta Moção de Solidariedade ao Sindicato dos Árbitros e ao próprio juiz Márcio Chagas da Silva, e eu fiz a minha Moção de Repúdio ao ato de racismo, repúdio a essa barbaridade, a essa violência que, se Deus quiser, vai acabar.

Agora, na realidade, senhoras e senhores, infelizmente, eu não tenho nada contra o Esportivo, minha gente querida e pacífica de Bento Gonçalves, mas sem penalidade, sem penalização não anda, e o clube, se for penalizado – e tem que ser penalizado, o julgamento será na próxima quinta-feira –, vai buscar os culpados. Por que quem é que nós vamos penalizar? Não se sabe! Agora, o Esportivo sabe, porque o carro foi depredado dentro do estacionamento privativo do Esportivo de Bento Gonçalves.

Penso que a Câmara não pode perder o bonde da história. O Ver. Garcia, Presidente desta Casa, está com a Moção que vamos votar agora, solidarizando-se com o árbitro e o Sindicato pela violência contra o humanismo, contra os direitos humanos, contra a civilização, e nós nos envergonhamos disso.

Mas eu repito, para encerrar, que eu creio que no dia 5 de março, quarta-feira passada, quando o árbitro viajou para Porto Alegre, com o carro amassado, muito triste, e foi ao berço de seu menino, de dez meses, e disse que aquele menino não poderia, daqui a dez anos, passar o que ele estava passando, ali partir dali, da denúncia deste juiz, instalou-se um novo pensamento neste Estado e no País, e nós não podemos ficar omissos. A Câmara de Vereadores não ficará omissa. E aproveito para saudar as nossas monitoras, porque sei que elas também acompanharam este episódio e têm vergonha do que aconteceu. Mas não foi a primeira vez, só que eu espero que seja a última! Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Delegado Cleiton): Só para corrigir: na minha manifestação eu falei em Caxias do Sul, é que em Caxias do Sul também, há pouco tempo, com o Juventude, houve um problema parecido, mas eu me referia a Bento Gonçalves.

O Ver. Paulinho Motorista está com a palavra para a encaminhar a votação do Requerimento nº 020/14.

 

O SR. PAULINHO MOTORISTA: Boa-tarde, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, monitoras, com todo o respeito que devemos a elas. Estamos falando, de novo, Ver. Delegado Cleiton e Tarciso, em racismo! Eu já estive aqui, outras vezes, falando sobre racismo. Para mim, já tinha terminado. Mas passam os dias, passam os meses, e essa situação volta. Para mim, em pleno século XXI, isso já deveria ter acabado, porque, sinceramente, é uma covardia o camarada agir de forma racista. Todos somos iguais, independente de cor, religião e tal. Sempre que vou a algum lugar, como um departamento, secretaria, ou a um evento e vejo algum tipo de racismo, com certeza, eu sou o primeiro a tomar uma atitude. É uma vergonha o tem acontecido nos campos de futebol ou em qualquer parte do nosso País, essa situação de o camarada agir com racismo com outro ser humano. Os seres humanos são todos iguais. Qual a diferença que temos, Ver. Delegado Cleiton? Não temos diferença nenhuma, seja branco, seja amarelo, seja preto. Com certeza, nós vamos votar a favor desta Moção do Vereador-Presidente Garcia e vamos tomar uma atitude, porque estamos aqui eleitos para fiscalizar esse tipo de atitude que não pode mais continuar. Como eu fui criado, desde pequeno, sempre respeitando o próximo, eu acho que o camarada que age com racismo, em qualquer circunstância, com seu próximo – chamando-o pela cor, fazendo sinais –, para mim, quer dar uma de malandro: “Eu sou malandro, vou aparecer”. Ver. Janta, o camarada que age com racismo com o seu próximo, com certeza quer aparecer. É uma vergonha, Janta! Eu adoro todo o tipo de cor: os negros, os brancos, os amarelos, os azuis, os vermelhos, de qualquer cor. Com certeza, todos somos iguais, todos nós vamos viver e morrer iguais, o único ser superior que existe é Deus. Então, por que o branco, às vezes, age com racismo para cima do preto? Eu não consigo entender essas diferenças.

Quando eu trabalhei, por 24 anos, como motorista de ônibus, eu sempre respeitei o camarada, sempre o chamei pelo nome, porque, quando eu era criança se eu chamasse alguém pela cor ou pelo apelido, acabava tomando uma surra dos meus pais. Os meus pais sempre diziam: “Tu nunca chamas ninguém pelo apelido ou pela cor, como preto, branco ou amarelo, tu respeitas a pessoa e a chama pelo nome”.

Estamos aqui, com as nossas monitoras, volto a dizer, pelas quais tenho o maior respeito, e quero dizer que estamos indignados com esse racismo, Tarciso. Já falei que tenho orgulho de ter como colega o campeão do mundo pelo Grêmio, em 1983, nosso Flecha Negra. Então, Tarciso, racismo, para mim, chega desse assunto em pleno século XXI. Eu não acredito que isso ainda aconteça nos dias de hoje. Para mim, a maior vergonha é o racismo. (Palmas.)

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Delegado Cleiton): Obrigado, Vereador.

O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 020/14.

 

O SR. IDENIR CECCHIM: Sr. Presidente, Ver. Delegado Cleiton; Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores; Ver. Tarciso, Ver. Cleiton, esses imbecis estão vendo, hoje, por exemplo, quem está presidindo a nossa Mesa? Um negro honrado! Quem botou os corruptos na cadeia? Um negro honrado! Quantos negros honrados estão metendo medo nesses idiotas! Deve ser isso, eles achavam que o negro não chegaria lá, mas os negros chegaram lá – não vão chegar, eles chegaram lá! E o meu sonho, Ver. Delegado Cleiton, é tirar uma foto com V. Exa. e com o Ver. Tarciso e perguntar aos outros: “Qual a diferença entre esses três?”. E o meu sonho é que as pessoas digam: “O Cecchim e o Cleiton são gordinhos e o Tarciso é magro”. É a única diferença física que nós temos. Esse é o meu sonho! Os dois são gordinhos e um é magro.

Eu queria contar uma história. Quando eu tinha um mês de idade, a minha mãe ficou doente. Nós tínhamos várias vizinhas, mas nós tínhamos uma vizinha negra, que era de casa, e ela tinha o Joãozinho, que era o nenezinho dela, um pouquinho mais velho do que eu. A mãe ficou doente e a Dica – era o nome dessa mãe negra do Joãozinho – me alimentou durante um mês. Eu não vi nenhuma diferença; ao contrário, eu adorei, aquele mês todo, o leite branco que ela me deu. Ela tem 90 anos quase; 83 anos, parece-me que é a idade dela, e eu ligo para ela sempre, para saber como ela está. Contando essa história para todo mundo, eu quero dizer que está na hora não de os negros se revoltarem ou se resignarem; está na hora de todos nós – de todos, de todos –, quando virmos qualquer sinal de racismo, repudiarmos quem faz isso, independente de quem seja, pobre, rico, independente de classe social e cultural que ela tenha. Repugnante a atitude de nós rejeitarmos essa pessoa. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE (Delegado Cleiton): Obrigado, Ver. Cecchim. Nós fizemos uma enquete aqui, sobre as fotos, e depois vou lhe dizer o que deu.

O Ver. Alceu Brasinha está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 020/14.

 

O SR. ALCEU BRASINHA: Sr. Presidente, Ver. Delegado Cleiton; Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores; senhoras e senhores que estão aqui, realmente é lamentável o que aconteceu. Ver. Elizandro Sabino e Ver. Paulinho Brum, da minha bancada. A gente, que frequenta estádios de futebol, sabe que o árbitro é a pessoa mais xingada. São duas injustiças que fizeram. O juiz de futebol, se não apitar, vai beneficiar o lado do time A ou B e já é xingado – ele é xingado com tudo quanto é palavra. E isso aconteceu com um cidadão que tem um caráter extraordinário! Eu conheço o Márcio pessoalmente, ele é uma pessoa muito querida. Quando eu o escutei falando, na segunda-feira, no programa Sala de Redação, Ver. Sabino, fiquei realmente emocionado, porque ele é um cidadão que não merecia, em hipótese alguma, esse preconceito. Nenhuma pessoa merece preconceito no Rio Grande, no Brasil, enfim, onde andar, mas principalmente um cidadão de um caráter extraordinário.

Ver. Tarciso, o senhor sabe quantas vezes nós andamos pelo Rio Grande, por todos os estádios onde o Grêmio e o Inter jogam, e a gente vê muito preconceito. Isso está na hora de acabar, não pode existir em 2014. Está chegando a Copa do Mundo aqui, e preconceito não pode existir, em hipótese nenhuma.

Então, sou favorável à moção do Professor Garcia e à do Ver. Nereu D’Avila, porque é importante defender que não pode existir preconceito, seja de colorado ou de gremista. Não pode! Não pode mesmo!

Então, senhores, obrigado. Aqui está falando um quase campeão da América. Dá-lhe Grêmio!

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Delegado Cleiton): O Ver. Engº Comassetto está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento nº 020/14.

 

O SR. ENGº COMASSETTO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, votar, sim, mas votar favoravelmente! Esta é uma Casa política e este tema que aqui está sendo debatido é uma moção de solidariedade ao Márcio Chagas, o juiz, que, assim como o Tinga e muitos outros atletas, foi xingado. Isto foi colocado no carro do juiz lá na cidade da Serra (Mostra fotografia.) Ele foi chamado de macaco, de negro sujo. Isto não acontece por casualidade. Isso tem instituído no nosso país uma cultura discriminatória, uma cultura racista, porque ainda tem, neste país, uma elite política e uma elite econômica que trabalham em cima da discriminação. Portanto, Ver. Cecchim, quando tem que punir todos, tem que punir todos.

E para que todos saibam sobre o episódio que aconteceu no dia 29 de novembro de 2013, lá em Vicente Dutra, com o Deputado Federal Luís Carlos Heinze, do Partido Progressista – partido da Senadora Ana Amélia, que recebeu muitos votos de negros –, ele disse: “Lá no Palácio do Planalto da Presidenta Dilma [que já implantou muitas políticas de reparação] tem um ninho na Casa Civil, onde se aninham os quilombolas, os negros, os índios, os gays, as lésbicas e tudo o que não presta neste País.” Essa é a palavra de um Deputado Federal, que faz com que atos como esse sejam incitados na população. Nós temos que ter um ato de repúdio, meu querido Villela, temos que fazer com que os homens públicos assumam ou se retratem publicamente também. Eu venho aqui em nome da minha bancada do Partido dos Trabalhadores porque esta é uma casa política, e nós não temos que ter medo de fazer o debate político para dizer, alto e bom tom, que o combate à discriminação tem que iniciar dentro do poder público – do Legislativo, do Executivo e do Judiciário. Não pode uma autoridade falar isso em público, assumir uma atitude de xenofobia, de discriminação, de racismo só porque está protegido pela imunidade parlamentar. Portanto, a população tem que debater, tem que analisar qual é orientação política e o que é que incita a violência no País, no Estado e na nossa Cidade.

Eu venho aqui em nome da nossa bancada do Partido dos Trabalhadores para dizer, prezado Tarciso, prezado Delegado Cleiton, que, na verdade, contra a discriminação, contra o racismo, todos nós temos que lutar e fazer com que as reparações aconteçam. Nesses últimos dez anos, foi instalada, neste Brasil, a Secretaria da Igualdade Racial; foram incluídas as cotas; foi incluída, nos concursos públicos, cota para os negros; foi incluída, como política pública, a possibilidade de fazer um resgate histórico dos quilombos, onde viveram aqueles que construíram, com o seu sangue e seu suor, este País. Eu venho aqui para dizer isso, porque esta é uma casa política, e nós não podemos aceitar que um parlamentar federal, eleito com o voto do povo, vá lá, incite essa violência e que isso se reproduza nos estádios, nas escolas, em todos os espaços públicos.

Não pode acontecer, a punição tem que ser para todos. O nosso repúdio àqueles que chamaram o juiz de macaco e colocaram bananas no carro dele. O nosso repúdio aos Deputados, neste caso específico ao Dep. Luis Carlos Heinze, do Partido Progressista, que lá em Vicente Dutra, no dia 29/11, disse que tudo que não presta está aninhado lá no Palácio do Planalto, os negros, os quilombolas, os índios, os gays, as lésbicas, entre outros. Punição a esses que fomentam e incitam a violência. Um grande abraço. Muito obrigado.

 

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Delegado Cleiton): Obrigado, Ver. Comassetto. Eu gostaria que fosse incluída também, porque sempre que se fala em Vereador negro... É uma cobrança que a Ver.ª Séfora sempre faz aqui, por assumir essa condição de Vereadora negra neste plenário.

Em votação o Requerimento nº 020/14. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO.

 

(O Ver. Professor Garcia reassume a presidência dos trabalhos.)

 

REQUERIMENTO - VOTAÇÃO

 

(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

REQ. Nº 022/14 – (Proc. nº 0538/14 – Ver. Nereu D'Avila) – requer Moção de Repúdio ao ato de discriminação e preconceito racial ocorrido contra o árbitro Márcio Chagas da Silva após a partida de futebol do dia 5 de março, em Bento Gonçalves/RS.

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Em votação o Requerimento nº 022/14. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO.

 

REQUERIMENTO - VOTAÇÃO

 

(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

REQ. Nº 009/14 – (Proc. nº 0372/14 – Verª Mônica Leal) – requer seja o período de Comunicações do dia 14 de abril destinado a assinalar o transcurso do Dia do Exército.

 

O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): Em votação o Requerimento nº 009/14. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO, com os votos contrários do Ver. Pedro Ruas e da Ver.ª Fernanda Melchionna.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h22min.)

 

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